quarta-feira, 1 de abril de 2009
Olha o Djambê aí!!!!
Oioioi...
Pois é...
O jazz só volta depois da semana santa com novo repertório e um show muito, mas muito mais legal (se é que isso é possível)...
Mas estamos aí...
Quinta e sexta nosso set musical e sábado Djambê!!!
Mais um aviso: reserve a sua mesa porque já começou a bombar!!!
Besos e até amanhã!!!
=)
Feito bolha de sabão
Ela não andava pela sala...
Escorregava de meia quando ninguém estava vendo...
"Ninguém" naquela época, eram: mamãe, papai, vovó, vovô e tios...
Não haviam outras crianças...
O pai era grande e a mãe com a barriga enorme de quem espera outra criança bagunceira...
“Menina, não pode”, “menina, não faz”, “menina, não grita”, “menina, não corre”, “menina, não sobe”...
Daí ela aprendeu a conviver com baldes de "nãos" mas aprendeu, secretamente, a guardar mais baldes de "sins" debaixo da cama...
Sem ninguém ver...
Quando um balde derramava e misturava com o outro, vinham os problemas...
Como arrumar cada um no seu lugar???
E ficava um monte de "sim" e "não" misturados pelo chão, a menina tentando colocar cada qual no seu lugar, na maioria das vezes inutilmente...
Então, a pequena cabeça da menina acabou por misturar tudo...
Aprisionada no meio de tantos "sins" e "nãos" ela viu os irmãos chegando e crescendo, cada um seguindo o seu rumo...
Ela viu o pai partindo e a mãe adoecendo...
E os seus baldes de palavrinhas já não serviam para ajudá-la a seguir o seu próprio rumo...
E a menina não cresceu...
Escorregava de meias, esperando pelo "não"...
Dava beijos doces ansiando o "sim"...
Apesar da avó já ter morrido também, deitava a cabeça em seu colo enquanto ela passava as mãos nos seus cabelos e adormecia com histórias da sua e de outras infâncias...
A menina ficou aprisionada nela mesma...
Mudou de casa, mudou de cidade e escorregava pela sala grande com as meias encardidas esperando pelo "sim" e "não" de gente que nem existia mais...
A menina ficou congelada no tempo, vivendo coisas que nem aconteceram, sendo a heroína e a vilã das histórias que só existiam na sua cabeça...
Num tempo que era só dela...
Muito, muito tempo se passou quando a menina resolveu sair da sua redoma de gelo...
Ela queria dar nó no cadarço dos tênis dos primos, esconder o terno que o avô vestia sempre, subir nas árvores do quintal para matar aula mas...
Anos e anos haviam se passado e tudo ficou muito longe, muito grande, muito embaçado...
Como era mesmo a voz do pai??? Como era o rosto da mãe??? E o cheiro da avó???
Então, depois de um tempo longo demais para qualquer menina, ela se viu aparecendo só em flashes rápidos...
Depois, em pequenos relâmpagos...
Até que um dia, um belo dia, ela se viu tirando as meias encardidas, jogando fora os seus baldinhos e sumiu no céu, como um balão de gás...
E nunca mais apareceu...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário